O consumo de grandes quantidades de alimentos ricos em açúcar pode significar uma dieta excessiva em calorias, favorecendo o aparecimento de excesso de peso e obesidade. É esse excesso de gordura que se relaciona com o aumento considerável do risco de diversos tipos de câncer.
Outro fator que pode ter contribuído, foram dados de estudos de dietas cetogênicas (dietas com menos de 20g de carboidrato por dia) em casos de tumores cerebrais. Contudo, os estudos estão em andamento e ainda não há conclusões suficientes para considerar este tipo de dieta como adequada em oncologia, porque apresentam desvantagens como, sabor, aceitabilidade e possível perda de peso.
A ideia do açúcar ser o combustível das células cancerosas é uma maneira extremamente simplista de explicar uma biologia celular complexa.
Para começar vamos entender o que é o açúcar!
O açúcar vem de diferentes formas. A forma molecular mais simples é a glicose e a frutose. Essas moléculas simples pode se juntar e formar as moléculas que chamamos de carboidratos. Os carboidratos são nossa principal fonte de energia.
A forma que conhecemos o açúcar, é o formado por cristais de glicose e frutose. O açúcar branco que consumimos, é uma das formas mais simples dos carboidratos. Este açúcar é refinado, ou seja ele é processado de sua fonte natural. No refinamento, aditivos tornam o produto branco e delicioso. O lado ruim é que esse processo retira vitaminas e sais minerais, deixando apenas as “calorias vazias” (sem nutrientes). Alimentos não processados também podem ser ricos em açúcar como o mel.
Os polissacarídeos são compostos que possuem várias cadeias de glicose unidos. Alimentos como arroz, macarrão, pão, vegetais como a batata, podem não ser doces mas são ricos em açúcar. Esses são carboidratos mais complexo.
A glicose é o combustível essencial de todas as nossas células. Se bebemos ou comermos alimentos ricos em carboidratos simples como o açúcar, este vira glicose no sangue e pode ser usado diretamente por todas as nossas células como fonte de energia. Porém se comermos carboidratos mais complexos como massa ou pão, as enzimas do nosso sistema digestivo irão quebrar esses alimentos em moléculas de glicose que irão ser absorvidas pelo sangue e usadas como fonte de energia de forma mais lenta que o açúcar.
E se caso parássemos de comer carboidratos?
Se não comermos carboidratos, o nosso organismo vai dar um jeito de quebrar a gordura e proteína para formar glicose. Nossas células precisam de glicose para sobreviver.
As células do câncer podem se multiplicar mais rápido se usarmos uma grande quantidade de energia como açúcar?
As células do câncer para se multiplicar precisa de muitos fatores além da glicose, como estímulos hormonais, aminoácidos, gorduras e oxigênio.
O mito do açúcar e o câncer nasceu da hipótese de se cortamos todo o açúcar da dieta, as células do câncer parariam de crescer. Infelizmente não é tão simples. Todas as nossas células saudáveis também precisam de glicose, e não existe maneira de dizermos ao nosso corpo como enviar glicose apenas para as células normais.
Seguir dietas extremamente restritivas em carboidratos pode atrapalhar nossa saúde à longo prazo. Eliminar esses alimentos pode ser prejudicial, pois eles são importantes fibras e vitaminas.
Então se o açúcar não causa câncer por que devemos nos preocupar?
Porque de forma indireta o açúcar pode aumentar o risco de câncer. Comer muito açúcar durante muito tempo pode levar ao sobrepeso. Evidências científicas mostram que o sobrepeso ou obesidade aumenta o risco de 13 tipos diferentes de câncer. A obesidade depois do tabagismo é a segunda causa evitável de câncer.
A mensagem que devemos levar, é que banir o açúcar não vai impedir a replicação das células cancerosas. Porém, podemos reduzir o risco de câncer com escolhas saudáveis. Diminuir a quantidade de açúcar na dieta é um fator muito importante para mantermos um peso saudável durante toda nossa vida.